12 de maio de 2021
O número de compras de imóveis com o objetivo de investimento tem crescido e chamado a atenção no mercado imobiliário em um ano em que, mesmo com pandemia e crise econômica, o setor tem estado movimentado. Dados da última pesquisa FipeZap apontam que 46% das pessoas que compraram imóveis no último trimestre de 2020 tinham como objetivo investir, sendo que 72% desses investidores buscavam obter renda por meio de aluguel e os outros 28% iriam esperar valorizar para vender.
Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZap, explica que o percentual de 46% é um dos maiores da série histórica, mas antes da pandemia esse valor já se mantinha acima de 40%. “É natural que esse número tenha crescido num ambiente de juros extremamente baixos como o que vivemos no ano passado”. Com a Selic a 2% ao ano, os juros dos financiamentos variaram em média entre 6,5% e 7,3% em 2020. No entanto, esse tipo de compra só irá continuar interessante no futuro, ressalta Zylberstajn, se o país conseguir efetivar essa redução na taxa de juros.
“Além disso, o comprador deve levar em conta custos como impostos, corretagem e reforma, para ter a certeza de que a conta fecha. E, claro, analisar bem as alternativas e se perguntar: há aplicações financeiras com risco igual ou menor que oferecem rentabilidade semelhante? Sempre lembrando de não concentrar a carteira de investimentos. Se o valor do imóvel for uma parcela alta do total investido, há uma grande concentração e normalmente isso não é recomendado”, diz Zylberstajn.
Para Edval Landulfo, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-BA), a ideia de que os imóveis são um bem seguro já está enraizado na cabeça de muitos. “Os imóveis sofrem menos em momentos de crise como esta, e todos estão aprendendo que na economia tudo é cíclico. Temos um momento de baixa, depois uma melhora e então outro tempo em baixa. Por isso a rentabilidade a longo prazo é um dos principais atrativos desse setor”, explica.
E quem tem bons exemplos disso é o corretor Luciano Guimarães, que explica que é preciso comprar bem para ter um bom retorno. “Aqueles que compram primeiro conseguem um valor melhor. Tenho um cliente que comprou um imóvel na planta por R$ 90 mil e que hoje, 14 anos depois, vale R$ 900 mil. Já outro comprou, há oito anos, por R$ 274 mil um imóvel que hoje vale R$ 700 mil. E um terceiro que mora em uma casa que vale R$ 1,5 milhão, mas que comprou por R$ 590 mil”, ele conta.
Para Guimarães, não há dúvidas de que o interesse em comprar imóveis com o objetivo de investir irá continuar crescendo. “É seguro e acredito que não há investimento melhor. Deixar dinheiro no banco não rende nos dias de hoje, mas no mercado de imóveis não existe isso de comprar por 100 e amanhã o valor dele cai para 50. Claro, tem que saber cuidar do bem, mas a média de rentabilidade fica entre 20% e 30%”, conta.
O momento é ideal para investimentos, afirma a corretora Iolanda Matos, mas é essencial que o investidor procure um corretor credenciado no Creci ou uma imobiliária para auxiliar nessa busca. “Afinal, é preciso ter conhecimento e expertise no mercado para procurar o imóvel certo, que esteja em bom estado, seja central, perto de faculdades, cursinhos e shoppings. O público está mais exigente, e se o investidor se preocupar com o estado do imóvel como um todo, terá rentabilidade garantida”, explica.
Para Mattos, os imóveis compactos de 1/4 e 2/4 ainda continuam sendo a melhor opção de investimentos, mesmo que a procura por casas com cômodos mais espaçosos tenha crescido durante a pandemia. “Há uma diversificação nos investimentos, para moradia é comum que o imóvel seja um pouco maior. Porém, para investimentos com o objetivo de locação ou revenda, os compactos são os mais procurados”, conta.
Fonte: A Tarde | UOL